Era tarde quando João e Andreia voltavam de viajem. Tinham ido visitar a mãe de João, que estava bem debilitada. Os dois estavam muito cansados, mas decidiram continuar a estrada, já que por perto não havia nenhum hotel.
João, com muito sono, por um instante desviou da rota normal e foi parar numa estreita estrada de barro batido. Andreia já dormia, por isso nem percebeu o que o marido fizera. Não demorou muito e o carro começou a tremer, como se estivesse passando por vários quebra-molas. A mulher acordou num pulo.
- JOÃO! Você saiu da estrada, não foi? Eu disse pra me deixar dirigir, eu disse.
Brava, ela abriu a porta. Ao colocar o pé no chão, percebeu que não estava pisando em barro nem no asfalto. Era algo mole, no qual, em pé, ela não conseguiu se equilibrar e caiu. O único poste do local encontrava-se bem na frente de onde eles estavam. Ao abrir os olhos, Andreia viu que estava sobre vários corpos em decomposição.
O cheiro não enganava. João desceu do carro correndo após o grito da esposa. Aos poucos, a neblina foi saindo, e foi nesse momento que os dois entraram correndo no carro, acendendo o farol imediatamente. Feio isso, viu-se que os corpos iam quilometros a frente. Resolveram aguardar no carro, já que, se voltassem passariam em cima dos corpos, e se prosseguissem, o mesmo aconteceria, e Andreia parecia querer evitar isso.
Dormiram aproximadamente umas cinco ou seis horas. Levaram um susto quando acordaram. O tempo estava do mesmo jeito. Tudo muito escuro, neblina forte e um vento tenebroso, como se as horas ali nunca tivessem passado. João ligou novamente a luz. Tudo parecia igual, a não ser pelo fato de que, agora, o capô do carro estava coberto por sangue fresco.
- Vamos sair daqui agora, Andreia. Não fico mais nenhum segundo nesse lugar!
Ela concordou. Ele girou a chave, mas nada aconteceu. O carro não funcionava de jeito nenhum, e claro que nenhum dos dois desceria para olhar o motor. João abriu o vidro do carro pra não sufocar ali dentro, e gritou:
- SOCORRO! ALGUÉM AÍ? ESTAMOS PRESOS AQUI, POR FAVOR, PRECISO DE AJUDA.
Uma voz rouca e muito grossa respondeu, não muito distante:
- Não tem como sair daqui, pobre visitante.
Ao terminarem de ouvir esta frase, um rosto demoníaco e completamente deformado apareceu na frente do carro. Novamente, João girou a chave. E, novamente, o carro não funcionou.