domingo, 22 de abril de 2012

Não está abandonada

Meu nome é Catarina, tenho 14 anos. Eu moro numa cidade bem grande, mas em todas as férias do meio de ano eu vou pro interior ficar na casa da minha avó. Lá é bem legal, eu e os vizinhos dela que são da minha idade, brincamos muito, principalmente de jogar bola. Eu adoro jogar, mas não tenho muito jeito. Um dia nós estávamos jogando, e eu chutei a bola muito forte, e caiu no quintal de uma casa que já está abandonada a um tempo. Ninguém teve coragem de entrar por causa das lendas, mas eu nunca acreditei nesse tipo de coisa, então fui sozinha. Procurei a bola em todo canto, mas não estava achando, e de vez em quando eu ouvia ela pingar no chão, mas quando seguia o barulho não havia nada. Fui para trás da casa, apesar de achar que a bola não estaria lá, pois não tinha chutado tão forte. Lá tinha uma piscina enorme, linda, e do lado da piscina eu vi uma menina com a bola na mão. Ela era linda, mas estava muito pálida e encharcada de água, vestia só uma camisola que ia até os pés e tinha a manga bem comprida. Pedi a bola, mas ela disse que só daria se eu brincasse com ela. Claro que eu não aceitei, eu nem a conhecia, mas ela insistia. Falei um não bem grosso, e a expressão dela mudou na hora. Parecia brava. Jogou a bola na piscina e pediu para que eu pegasse. Estava quase entrando, quando ela começou a tossir, como se estivesse engasgada, e saia água da boca dela, junto com sangue. Sai correndo e deixei a bola lá. Contei para meus amigos e nós voltamos para ver, mas não tinha mais nada lá. A noite, como de costume, a minha avó juntou todos na sala, fez chocolate quente e começou a sessão histórias de terror. A primeira história foi a seguinte: Um casal que morava na casa hoje abandonada, teve uma filha, e colocaram o nome dela de Catarina, como o meu. A menina não saia de casa, odiava brincar, então só ficava sentada perto da piscina, mas não entrava porque não sabia nadar. Certo dia, quando os vizinhos dela brincavam do lado de fora, a bola caiu na piscina da casa dela, e os meninos pularam o muro pensando não ter ninguém. Ao vê-los, ela pediu para que saíssem, mas não eles atenderam o pedido de Catarina. Ela tentou correr para chamar sua mãe, mas os meninos empurraram ela na piscina, e ela morreu. Depois disso, todas as pessoas que entram no seu quintal para pegar a bola são mortas. Talvez não imediatamente, mas morrem afogadas.

domingo, 15 de abril de 2012

Studio assombrado

Meu nome é Caroline, tenho 17 anos. Faço aulas de ballet desde que tinha quatro anos, no mesmo Studio. Quando comecei, o Studio era pouco frequentado, e eu não tinha muitas amiguinhas para conversar, então conversava com uma garota imaginária, que tinha 10 anos. Brincavamos muito naquele lugar, e eu gostava muito dela, mas de vez em quando ela me pedia algumas coisas estranhas, como empurrar, machucar as garotas que faziam ballet comigo, e a professora sempre brigava comigo, pois eu obedecia minha amiga imaginária. Fui crescendo e o Studio ganhou várias bailarinas novas, então fui esquecendo a Liliane, como eu chamava minha ‘’amiguinha’’. Me tornei uma excelente bailarina, e hoje danço para fora, em outros estados, mas moro no mesmo lugar e faço aula no mesmo Studio, como já disse. De alguns meses pra cá, comecei a chegar mais cedo para ter mais tempo de ensaiar os meus solos, antes das aulas começarem. Nos primeiros dias, não percebi nada, a não ser a sala um pouco mais abafada, mesmo com as janelas abertas, mas depois de umas duas semanas, coisas diferentes começaram a acontecer. Um dia cheguei bem mais cedo do que de costume, abri as janelas, liguei o ar condicionado e coloquei a sapatilha no pé direito. Quando me virei para pegar o par, não tinha nada. Procurei em todo canto, debaixo da arquibancada, na mochila, mas nada de achar. Sentei no chão e fiquei olhando para o espelho, quando percebi a minha sapatilha pendurada pelas fitas nas cortinas, bem no alto. Achei super estranho, até pensei que estivesse ficando louca, mas apenas coloquei a sapatilha e comecei a ensaiar. Minutos depois, eu fui empurrada com força e cai no chão. Me assustei muito e sai da sala. Tomei café, fui ao banheiro e voltei para a sala, mas desta vez deixei a porta aberta. Comecei a alongar enquanto olhava para os lados. Abaixei a cabeça para tocar os pés, e no momento que eu levantei, vi a cortina mexer, como se o vento batesse nela, mas ela mexeu com força, e quando olhei para fora, não tinha uma arvore se quer balançando, mas decidi ficar com a teoria do vento. Virei de costas para o espelho e voltei a me alongar, quando o aparelho de som da sala ligou sozinho, no volume máximo. Fui saindo bem de vagar, e quando estava na porta, as luzes começaram a piscar rapidamente, e os ventiladores que não funcionam começaram a rodar. Chamei um professor e ele entrou na sala comigo, mas nada aconteceu, de qualquer forma pedi para que ele ficasse perto, caso acontecesse alguma coisa. Liguei o som, e a música que tocava era de arrepiar. Era o barulho do vento, mas se ouvia alguns gritos de socorro e dor no fundo, então simplesmente troquei a música, mas a mesma voltava a tocar depois de 10 segundos. Desliguei na tomada e ensaiei sem música, até que o som liga novamente. Chamei o professor, mas ele não percebeu nada de diferente, estava tudo certo. Estava perto de começar as aulas normais, então sai e fui tomar água. Percebi algo atrás do bebedouro. Eram bonecas, as mesmas que eu brincava quando tinha quatro anos, eram as minhas bonecas, mas estavam rasgadas e com o pescoço virado. Entrei no banheiro, lavei o rosto, e quando fui pegar a toalha de rosto, ela caiu no chão. Tremendo, sai do banheiro e falei para as pessoas que estavam ali o que estava acontecendo, mas claro que ninguém acreditou. Voltei pra casa e contei para minha mãe com esperança de que ela acreditasse, mas nada. Deitei na cama e fiquei olhando para o teto, e de repente a porta do meu quarto range, abrindo bem devagar, mas ninguém entra. Me cobri com o edredom e fiquei imóvel. Segundos depois senti uma respiração cansada perto de mim. Levantei e corri para o quarto da minha mãe, mas ela não estava. Procurei por toda a casa, e quando fui na cozinha, as facas estavam todas foras da gaveta e uma delas rodava. Gritei pela minha mãe e ouvi a voz dela bem fraca vindo do banheiro. Entrei, e ela estava lá, se contorcendo toda, tremendo e sangrando pelos olhos. Liguei para um amigo da minha mãe que o padre da nossa igreja, e ele foi lá em casa. Fez uma espécie de ritual no qual minha mãe foi se curando aos poucos. Enquanto ela se acalmava, ouviamos barulhos e gritos em toda a casa. Foi horrível, mas com muito esforço ela ficou bem, e não conseguia se lembrar de nada. Dias depois, fui ler o meu diário que guardo a nove anos, e na ultima página estava escrito: Você me deixou esperando. Disse que iria brincar de boneca comigo, mas preferiu suas amigas. Agora estou sozinha no escuro, e não posso achar a saída, mas saiba que assim que isso acontecer, coisas piores vão acontecer. Liliane.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Seus irmãos a espera

Meu nome é Elisabete, tenho 42 anos. A 14 anos atrás, meu pai estava prestes a morrer. Eu, meu marido, minha mãe e minha irmã cuidávamos deles pois estava muito doente. Tudo bem até ai, acontece que todo dia, as 20:00h, nós escutávamos passos caminhando por toda a casa, batiam na porta e janelas e ainda ouvíamos barulhos de facas que raspavam na parede, e os cachorros não paravam de latir. Meu marido sempre ia olhar o que estava acontecendo, mas nunca via nada. Isso se repetiu durante alguns dias, até que minha mãe não aguentava mais, e resolveu chamar um padre para conversar com o meu pai, para tentar entender o que ele via, ouvia e sentia, e talvez ajuda-lo. O padre conversou com meu pai algumas horas, e depois pôde nos falar o que provavelmente seria. Os irmãos do meu pai já tinham falecido, e toda noite eles tentavam chamar a atenção do meu pai, para leva-lo junto a eles, e meu pai sabia do que os barulhos se tratavam, mas não contava a ninguém. Acontece que ele, de alguma forma, recusava a deixar este mundo, não queria partir, talvez por medo de nos fazer sofrer. Depois que o padre foi a nossa casa, meu pai finalmente pôde entender e aceitar a morte. E então ele partiu, e tudo está bem agora.

Espírito em casa

Me chamo Paulo, 27 anos. Fui passar o feriado com três amigos numa casa de praia. Compramos cerveja e deixamos na casa, enquanto passávamos o dia na praia. A noite inventamos de fazer um churrasco, então sai para comprar carne e carvão, enquanto meus amigos preparavam a casa pra receber algumas mulheres. O açougue estava cheio, então demoro bastante, ainda mais porque fica bem distante da casa. Quando saí de casa era por volta de 19:00, e só voltei 20:15, mais ou menos. Estranhei assim que cheguei, porque aparentava estar vazio, mas pensei que fosse alguma brincadeira deles. Ao sair do carro, vi um vulto passando pelo lado direito. Entrei na casa e estava tudo escuro, apenas a TV de um dos quartos estava ligada. Quando estava quase entrando no quarto, um menino de mais ou menos 12 anos socou a porta, para abri-la, e saiu correndo diretamente para a sala. Mesmo com medo eu o segui, estava curioso para ver onde ia dar. A sala estava com um cheiro estranho, de mofo com sangue. Parecia que a casa estava desocupada a muitos anos, mas como poderia se eu estava com meus amigos a uma hora atrás ali? Sai para a varanda e fiquei pensando, até ser interrompido por um grito horrível que vinha, novamente, da sala. Corri para verificar, e dessa vez tinha um corpo de uma criança se retorcendo no chão. Dava perfeitamente para ouvir seus ossos se deslocando, e alguns saiam do corpo. Foi horrível, segurei para não vomitar. Quando ele percebeu minha presença, se levantou bem devagar e começou a vir em minha direção. Corri para o quarto e fiquei escondido no banheiro. Fiquei lá alguns minutos, e sai para ver. Fiquei olhando o quarto pela fechadura da porta do banheiro, mas não acontecia nada. Sentei perto da banheira e fiquei pensando no que ia fazer, no que tinha acontecido, quando de repente uma mão cravou as unhas nas minhas costas e tirou. Quando olhei para trás, lá estava o corpo do menino, dentro da banheira. Corri de novo para a varanda, e para minha surpresa, tudo estava normal. Meus amigos estavam lá, assando carne, bebendo cerveja e rindo. Fiquei muito confuso, mas resolvi não contar para ninguém, pois iam achar que eu estava louco. Em um outro dia, resolvi pesquisar sobre a região, ver se achava alguma coisa sobre aquela casa, alguma história que se encaixasse com o que aconteceu. Achei uma história no site em que alugamos a casa, em um comentário que dizia que a vinte anos atrás, um menino de 12 anos morava com o pai e a madrasta, e sua mãe tinha morrido em um acidente de carro. Seu pai e madrasta o odiavam, e sempre judiavam dele, cortando-o com tesouras, o queimava com colher, água fervendo, até que um dia o menino tentou revidar uma das agressões, e o pai e a madrasta retalharam o menino com cortador de grama, bateram o cortador em seu rosto, e em todo corpo, até quebrar todos os seus ossos, e claro, retalharem seu rosto. Depois disso o esconderam no quarto, debaixo do guarda-roupas, mas ele foi encontrado semanas depois por uma empregada que não aguentava mais o cheiro e resolveu olhar. A possível explicação para meus amigos terem desparecido, é que o menino queria que eu o visse, pois batia muito no meu filho, mas agora aprendi a lição. O pai e madrasta do menino foram presos e mortos na cadeia, mas essa já é uma outra história.