sábado, 2 de junho de 2012
O pomar
Meu nome é Ana Flávia, tenho 25 anos. Eu, meu marido e vários amigos, todo ano, fazemos uma feijoada no dia 15 de fevereiro, pra comemorar o aniversário da tia Luíza, uma senhora de 98 anos que é dona de uma chácara, a qual nós fazemos a feijoada. No ano passado, tudo Coria bem, como de costume. Compramos os alimentos, alugamos as mesas, tudo certo. Chegada a noite, as pessoas já estavam se divertindo. Dançavam, cantavam, pulavam e tudo mais. Eu e mais quatro pessoas preparávamos as comidas, bebidas, tudo, quando minha amiga inventou de fazer um ponche. Fui ao pomar buscar algumas frutas pra isso. Chegando lá, o barulho da festa já era baixo, pois fica bem longe da sede da chácara. Peguei várias frutas, e quando já estava quase saindo de lá, ouvi uma voz dizer: Me ajude! Minha espinha gelou. Olhei pra trás e não vi ninguém. Sai correndo e chamei meu marido, mas não contamos pra mais ninguém. Ele foi lá e também ouviu a voz. Procuramos por todo o pomar, mas não achamos nada. Acendemos os refletores, que iluminou um pouquinho. Ele foi pra direita e eu pra esquerda, depois de 10 minutos, se ninguém encontrasse nada, nos encontraríamos ali. Procurei nos pés de poncã, laranja, tudo que tinha lá, e nada. Pensamos que poderíamos procurar quando amanhecesse, seria bem mais fácil. Quando estávamos voltando pra festa, vi alguma coisa no pé de goiaba, o único que nenhum os dois tinha olhado. Chegamos mais perto e vimos uma menina, muito jovem, de uns 16, 17 anos, enforcada entre dois galhos, morta. Provavelmente ela foi roubar goiaba, e escorregou, ficando presa, e como os galhos são grossos, ela não conseguiu se soltar. Corremos pra buscar ajuda, e quando voltamos ao local, não havia mais ninguém. Nenhum sinal de vida, ou morte.
A tia Luíza nos contou, que quando ela era jovem, tinha uma vizinha muito bonita, e elas se odiavam. Uma ia a casa da outra pra roubar frutas e quebrar plantações. Suas famílias eram rivais. Certo dia, a menina foi pegar goiaba no quintal da tia Luíza, e ela viu. Chegou o mais perto possível sem que a vizinha visse e gritou. A garota levou um susto tão grande que escorregou, e ficou presa entre dois galhos. Tia Luíza diz que tentou ajudá-la, mas nem ela conseguiu retirar a menina. Depois disso, a tal jovem sempre aparecia no pomar, assombrando a tia e todos que entravam no pomar.
A represa
Meu nome é Hugo, tenho 17 anos. Todo ano vou visitar minha avó que mora no Paraná. A casa dela, e de todos da vila, foi construída de modo que o quintal é uma represa. Eu gosto muito de ir lá pra tomar banho na represa, que é enorme. A uns 5 meses fui lá, nas férias. Comi os bolos que minha avó sabe fazer maravilhosamente, peguei o caiaque e fui remando até o meio da represa, onde tem uma minúscula ilha. Na verdade é só um pedaço que sobrou do monte de areia que tinha antes de inundar e virar represa. Fiquei sentado na ilhazinha observando tudo, quando de repente vi, lá no fundo, alguém supostamente se afogando. Novamente, pulei no caiaque e remei o mais rápido possível. Pra chegar lá, tem que passar por trás e uma árvore grande, e quando ultrapassei essa árvore, não vi mais ninguém se afogando, mas continuei remando até o local. Chegando na margem, procurei a pessoa por todos os cantos possíveis, mas não achei ninguém. Quando eu estava no meio da represa, voltando pra casa da minha avó, vi umas bolhas subirem a superfície da água. Mergulhei sem pensar nas consequências, pois poderia ter alguém morrendo afogado ali. Não, não tinha nada ali. Voltando ao caiaque, fui puxado pelo pé, e comecei a me afogar. Me batia desesperado por ar, até que consegui soltar e voltar pro ‘’barco’’. Remei bastante até ficar bem longe de onde aquilo acontecera, e olhei pra trás. Só vi o rosto deformado de um menino voltando pra dentro do lago. Ele era apavorantemente deformado. Branco, como quem perde todo o sangue do rosto, sem o olhos esquerdo, não tinha um pedaço da orelha, sua boca era torta e estava sem a maioria dos dentes e seu rosto estava com centenas de cortes. Chegando na casa da minha vó, contei tudo pra ela. Assustada, ela me disse que antes deu chegar a casa dela, uns 2 meses antes, um menino que morava do outro lado da represa desobedeceu o pai, um homem muito ruim que espancava os filhos e os torturava quando o respondiam, e o tal jogou o filho dentro de um canil onde havia dois cachorros famintos, que estraçalharam o garoto, que mesmo quase inteiramente retalhado, conseguiu fugir, mas o pai o amarrou pelos pés e aos e o jogou na represa. Ele conseguiu se soltar das amarras facilmente, já que não estavam tão apertadas, mas já era tarde demais. Quando conseguiu colocar sua cabeça pra fora, morreu, voltando ao fundo da represa. Duas pessoas além de mim já disseram ter visto o tal menino. De uma coisa eu sei, nunca mais entro na represa.
O homem da neblina
Me chamo Angélica, tenho 29 anos, e o que eu vou relatar aconteceu quando eu tinha 9 anos. Quando fiz 7 anos, meus pais me deixaram ir e voltar da escola sozinha., pois morávamos apenas a uma quadra de lá. Nada de ruim aconteceu comigo em dois anos, mas quando completei 9, as coisas mudaram. Em um dia, eu acordei bem mais cedo do que de costume, tomei banho, tomei café, e deitei novamente. Quando deu o horário deu ir pra escola, levantei, dei um beijo na minha mãe e pai, e fui chamar o Gustavo, meu amigo, pois nós íamos juntos. Quando eu saí de casa, vi que estava tudo nublado. A rua estava completamente deserta, o chão parecia nevado, pois estava um tanto branco. De qualquer forma, chamei o Guga e fomos a escola. Chegando na esquina, percebemos que tinha um homem, com aproximadamente 50 anos, magro, grisalho, com um sobretudo preto, nos seguindo. Nós viramos a esquina, desfazendo assim, da rota que nos levaria até a escola, só para ver se ele estava realmente nos seguindo. Não deu outra! O homem virou a esquina conosco. A rua em que viramos estava ainda mais deserta e nublada, o que não é nem um pouco comum. Começamos a correr, porque pensamos que poderia ser um pedófilo, estuprador, assassino, qualquer coisa ruim. Viramos mais uma esquina, desta vez do outro lado da rua. Adivinha o que nós vimos? Sim, o homem estava vindo em nossa direção. Mas como isso era possível? Estava atrás de nós, em outra quadra agora a pouco, aquilo não podia ser real. Mas era. Viramos e continuamos andando, de modo que ele ainda nos seguia. Fizemos a rota que nos levaria a escola. Chegando lá, eu e o Gu pegamos nossos lugares na janela do segundo andar. Enquanto a aula acontecia, com 10 alunos na sala, eu e meu amigo observávamos lá fora. O velho estava parado, em pé, no portão da escola, olhando para a janela do segundo andar. Mas eu não conseguia ver o rosto dele. Estavamos com tanto medo que não podíamos falar pra ninguém. E se ele fizesse algo conosco? Não, melhor não arriscar. No fim da aula, voltamos por outra rua. Agora o tempo já estava um pouco menos nublado, a visão estava mais nítida, mas ainda continuava deserta. Chegamos em casa sem ninguém nos seguir, não que percebemos pelo menos. O Guga ia almoçar na minha casa naquele dia, e dormir lá também. Almoçamos, brincamos a tarde toda, e finalmente chegou a hora de dormir. Ficamos na sala, em dois colchões que minha mãe colocou no chão. No meio da noite, acordei para ir ao banheiro, e vi que o Gustavo estava sentado numa cadeira, virado de frente pra parede. Perguntei o que tinha acontecido, mas ele parecia com medo, estava pálido e frio. Gelei na hora. Ele disse que tinha visto o homem dentro da casa, no corredor. Com medo, olhei. Ele realmente estava lá, no fim do corredor. Não conseguia gritar, agora nem falar eu conseguia. Apenas peguei pelo braço do Gu e deitamos no colchão, nos cobrindo completamente. Depois de uns 10 minutos, saímos debaixo dos cobertores e ligamos a TV. Sem conseguir dormir, ficávamos conversando sobre aquilo, quando ouvimos um barulho de batida na janela. Como o vidro da janela era ondulado, vimos somente o vulto do ser grisalho, mas nós conseguimos ver que ele estava com o rosto sangrando, e a boca dele estava aberta, como se alguém quebrasse o maxilar dele. A maçaneta começou a mexer, e então eu finalmente consegui gritar. Meu pai acordou assustado, então contei que um senhor tinha nos perseguido a manhã toda, e que agora se encontrava dentro de casa. Meu pai disse que era invenção minha, porque o homem que descrevi já tinha morrido a dois anos, atropelado no rosto por uma moto, quebrando o maxilar e morrendo instantaneamente. Ele ficou um pouco assustado, mas passou. Agora estou casada com o Gustavo, e temos um casal de filhos, que completam 9 anos semana que vem.
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