sábado, 2 de junho de 2012

O homem da neblina

Me chamo Angélica, tenho 29 anos, e o que eu vou relatar aconteceu quando eu tinha 9 anos. Quando fiz 7 anos, meus pais me deixaram ir e voltar da escola sozinha., pois morávamos apenas a uma quadra de lá. Nada de ruim aconteceu comigo em dois anos, mas quando completei 9, as coisas mudaram. Em um dia, eu acordei bem mais cedo do que de costume, tomei banho, tomei café, e deitei novamente. Quando deu o horário deu ir pra escola, levantei, dei um beijo na minha mãe e pai, e fui chamar o Gustavo, meu amigo, pois nós íamos juntos. Quando eu saí de casa, vi que estava tudo nublado. A rua estava completamente deserta, o chão parecia nevado, pois estava um tanto branco. De qualquer forma, chamei o Guga e fomos a escola. Chegando na esquina, percebemos que tinha um homem, com aproximadamente 50 anos, magro, grisalho, com um sobretudo preto, nos seguindo. Nós viramos a esquina, desfazendo assim, da rota que nos levaria até a escola, só para ver se ele estava realmente nos seguindo. Não deu outra! O homem virou a esquina conosco. A rua em que viramos estava ainda mais deserta e nublada, o que não é nem um pouco comum. Começamos a correr, porque pensamos que poderia ser um pedófilo, estuprador, assassino, qualquer coisa ruim. Viramos mais uma esquina, desta vez do outro lado da rua. Adivinha o que nós vimos? Sim, o homem estava vindo em nossa direção. Mas como isso era possível? Estava atrás de nós, em outra quadra agora a pouco, aquilo não podia ser real. Mas era. Viramos e continuamos andando, de modo que ele ainda nos seguia. Fizemos a rota que nos levaria a escola. Chegando lá, eu e o Gu pegamos nossos lugares na janela do segundo andar. Enquanto a aula acontecia, com 10 alunos na sala, eu e meu amigo observávamos lá fora. O velho estava parado, em pé, no portão da escola, olhando para a janela do segundo andar. Mas eu não conseguia ver o rosto dele. Estavamos com tanto medo que não podíamos falar pra ninguém. E se ele fizesse algo conosco? Não, melhor não arriscar. No fim da aula, voltamos por outra rua. Agora o tempo já estava um pouco menos nublado, a visão estava mais nítida, mas ainda continuava deserta. Chegamos em casa sem ninguém nos seguir, não que percebemos pelo menos. O Guga ia almoçar na minha casa naquele dia, e dormir lá também. Almoçamos, brincamos a tarde toda, e finalmente chegou a hora de dormir. Ficamos na sala, em dois colchões que minha mãe colocou no chão. No meio da noite, acordei para ir ao banheiro, e vi que o Gustavo estava sentado numa cadeira, virado de frente pra parede. Perguntei o que tinha acontecido, mas ele parecia com medo, estava pálido e frio. Gelei na hora. Ele disse que tinha visto o homem dentro da casa, no corredor. Com medo, olhei. Ele realmente estava lá, no fim do corredor. Não conseguia gritar, agora nem falar eu conseguia. Apenas peguei pelo braço do Gu e deitamos no colchão, nos cobrindo completamente. Depois de uns 10 minutos, saímos debaixo dos cobertores e ligamos a TV. Sem conseguir dormir, ficávamos conversando sobre aquilo, quando ouvimos um barulho de batida na janela. Como o vidro da janela era ondulado, vimos somente o vulto do ser grisalho, mas nós conseguimos ver que ele estava com o rosto sangrando, e a boca dele estava aberta, como se alguém quebrasse o maxilar dele. A maçaneta começou a mexer, e então eu finalmente consegui gritar. Meu pai acordou assustado, então contei que um senhor tinha nos perseguido a manhã toda, e que agora se encontrava dentro de casa. Meu pai disse que era invenção minha, porque o homem que descrevi já tinha morrido a dois anos, atropelado no rosto por uma moto, quebrando o maxilar e morrendo instantaneamente. Ele ficou um pouco assustado, mas passou. Agora estou casada com o Gustavo, e temos um casal de filhos, que completam 9 anos semana que vem.

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