sexta-feira, 13 de julho de 2012

Diário de Helena - Parte III

06/02/1989 – 09:13 a.m - Tudo está bem! O Lucas, Carol, Márcio e o Guga voltaram, mas os dois sumidinhos voltaram bem machucados. Disseram que estavam se beijando, quando ouviram um barulho muito forte de alguém pulando na árvore, e logo em seguida, viram uma sombra enorme vindo muito rápido, e apagaram. Foi super estranho, e eu to começando a entrar em pânico. Já falei pra todo mundo pra nós irmos embora, mas eles acham que eu sou paranoica. Eu e o Leandro ficamos essa noite, foi maravilhoso, e isso é a única coisa que me conforta. Vou tentar ficar mais calma, e escrevo mais tarde, beijos!

06/02/1989 – 13:00 p.m - Estamos almoçando só agora! Peixe de novo, mas tá muito bom. Agorinha a pouco fomos andar pela mata, onde o Luquinhas e a Cah foram ontem, pra ver se tinha alguma evidência de animal, um grande, mas só tinha uns arranhões, iguais aos da outras árvores. Pela segunda vez, tinha barraca desarrumada, mas dessa vez é a minha. Não sei o que ta acontecendo, eu arrumei quando acordei, e ninguém ficou no acampamento, então, Omo ela se desarrumou? Sozinha é que não foi...mas tudo bem. Vou terminar de comer.

06/02/1989 – 15:21 p.m - Andando pela floresta, explorando de novo, nós achamos uma casinha de madeira, que parecia abandonada. Batemos na porta, e nada, mas não podia ser abandonada, porque eu olhei pelo vidro e tudo estava tão arrumadinho, tinha até cheiro de comida no fogão. Ficamos esperando um pouco, e de repente saiu um velhinho da floresta, com uma espingarda, e um porco do mato nas costas. Ele cumprimentou todo mundo, chamou a gente pra entrar, é um senhor bem simpático mesmo. Mora sozinho nessa casa desde que a mulher dele morreu, faz 4 anos. Ele nem liga, diz que tudo que ele precisa pra viver tem na mata. Nós contamos a história de ontem pra ele, e ele disse que a mata é um lugar muito, muito perigoso, e que a gente tava se arriscando acampando nela. Ele foi prepara um chá pra nós, quando voltar ele vai contar umas histórias do lugar, daí eu vou resumir pra escrever no diário.

06/02/1989 – 21:07 p.m - Então, agora eu estou 5 vezes mais apavorada! Vou explicar o porque. Primeiro: eu tenho medo de história de terror, principalmente quando são reais. Segundo, o seu Valdir, o senhor que encontramos nos contou a seguinte história: A muitos anos atrás, não se sabe exatamente quando, mas provavelmente no século passado, a floresta era habitada por uma aldeia de índios canibais. Eles pegavam todas as pessoas que não eram da tribo e as comiam vivas. O chefe, ou Cacique como é chamado o chefe da tribo, era um homem muito alto, corria muito rápido, era muito habilidoso para subir e pular em árvores. Um dia, um homem estranho chegou a tribo. Branco, olhos negros, bem arrumado e gordinho. Sem saber que havia uma tribo ali, foi se alojando. Um dia, quando acordou, sua barraca estava cercada de indígenas. Rapidamente, sacou duas armas e, com muita habilidade, matou todos os homens que o ameaçavam, deixando apenas o cacique vivo, que estava bem escondido em sua oca. Revoltado com o homem branco, o cacique o espancou até deixa-lo desacordado, e o amarrou na oca. Quando o homem acordou, estava sem sua perna direita. O cacique disse que o comeria bem lentamente, e isso era o castigo dele. E assim fez. Quando terminou de matar o homem branco, se sentia mais vivo, forte e habilidoso, e que o estranho homem que comera era uma espécie de semi deus, que dava vida eterna. A oca foi destruída com o tempo, e não se sabe o que houve com o cacique. Bem, isso é apenas lenda indígena, ou real? Eu não sei, mas gosto de acreditar nessas coisas, mesmo tendo medo. Estamos voltando pro acampamento agora, vamos pegar nossas coisas e trazer aqui pra casa do seu Valdir, vamos dormir com ele, é mais seguro. Até qualquer momento.

06/02/1989 – 23:19 p.m - Estamos de volta a casa. Já desmontamos as barracas e colocamos os colchonetes na sala, perto da lareira, pra ficarmos bem quentinhos. Acho que essa noite vai ser mais tranquila, me sinto mais confortável e protegida. Vamos ficar conversando mais um pouco, até dar sono.

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