terça-feira, 10 de julho de 2012

O espírito vingativo

Meu nome é Andressa, tenho 46 anos. O que eu vou contar aconteceu a 6 anos, quando minha filha faleceu. Era um dia muito frio, e eu fui pra cozinha preparar chocolate quente, enquanto ela ficou na sala com seu namorado, o Caio. Antes de namorar esse rapaz, minha filha era linda. Tinha um cabelo até o meio das costas, unhas bem cuidadas, não fumava nem bebia. Depois que essa paixão apareceu, ela se perdeu nas bebidas e drogas, cortou e pintou o cabelo, ficou desleixada, mas de qualquer forma, eu era a mãe dela, tinha que cuidar. Bom, fui pra cozinha. Depois de algum tempo, escutei ela gritar de dor, e ouvi a porta da sala bater. Quando cheguei lá, ela estava com uma faca enfiada na garganta. Me desesperei, é claro. Mas não tinha mais volta, ela já havia morrido. Exatamente um ano depois, eu passei pra comprar uma revista na banca de jornais que tem na esquina da loja onde eu trabalho, e num dos jornais estava como manchete: GAROTO DE 17 ANOS MORRE ASSASSINADO COM FACADA NA GARGANTA! Comprei o tal jornal. Levei um grande susto ao saber que o menino que tinha morrido era o ex-namorado da minha filha. Achei muito, muito estranho mesmo, ainda mais porque no jornal dizia que não havia sinais de invasão ou qualquer tipo de vestígio, mas essas coisas acontecem. No ano seguinte, passando pela mesma banca de jornal, vi uma nova manchete: MAIARA ARAÚJO, DE 18 ANOS MORRE ASSASSINADA COM A GARGANTA CORTADA! Era muita coincidência. Maiara Araújo era a menina que minha filha desconfiava ser ‘’amante’’ do ex namorado dela. Resolvi procurar um centro espírita que minha amiga indiciou depois de saber da história. Nada adiantou. Fui pra casa frustrada por não conseguir falar com a minha menina. Entrei no quarto que era dela. Já estava praticamente vazio, já havia vendido todas as suas roupas, objetos, tudo. Quando eu estava saindo do quarto, a porta bateu bem forte. A cama e a escrivaninha que eram os únicos móveis que sobraram no quarto se mexeram. A janela quebrou e um vento muito, muito gelado dominou o quarto. Ouvi a voz dela e me virei. Ela estava lá, em pé, magra, feia, nem parecia o meu bebê. Ela se aproximou de mim e me agarrou pelo pescoço, tirou uma faca enorme do vestido e me disse que eu a sufocava demais enquanto ela vivia, não a deixava sair nem nada, mas eu só tentava proteger. Ela gritou e disse que voltaria logo, e de repente sumiu. Tudo voltou ao normal. No dia seguinte eu peguei todos os livros, colares, tudo o que sobrou dela, inclusive a pulseira de capim que ela fez pra mim com 5 anos, e queimei na lareira, pois tava muito frio e não tinha mais lenha pra esquentar, então aproveitei que queria me livrar de tudo que me lembrasse ela, queria ficar só com seus sorrisos na minha cabeça. Quando joguei a pulsei que me fizera, senti um calor atrás de mim, e quando olhei, era minha filha Lara queimando, gritando de dor, e novamente, sumiu. Depois desse dia não senti nenhuma vibração diferente na casa, nada estranho aconteceu. Não sei se tem a ver com o que houve nesse dia, mas, acho que ela está mais feliz agora, como eu estou.

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