sexta-feira, 13 de julho de 2012

Diário de Helena - Parte IV

07/02/1989 – 06:05 a.m - Ah! Hoje acordamos bem cedinho com o cheiro do chimarrão fervendo. Já estamos a uma hora acordados, acordamos antes mesmo de ficar claro. Foi uma noite boa, mas nem tão tranquila. Por volta de 02:00, 02:30, ouvimos baterem na porta. O seu Valdir, saiu do seu quarto com a espingarda, e bem devagar abriu a porta. Não tinha nada. Do nada entrou um vento muito gelado na casa, todo mundo sentiu a energia pesar, mas logo foi embora. Ele disse que volta e meia isso acontece, e que ele também tem medo, mas que era pra nós voltarmos a dormir tranquilamente, que isso não ia se repetir. Mais ou menos dez minutos depois, eu e a Laura vimos um vulto passar bem rápido na janela, e sem seguida um estrondo na mata, mas ficamos bem quietas e deitamos. Cinco horas todos acordaram, tomaram um banho, escovaram os dentes e começamos a tomar o chimarrão, que por sinal está maravilhoso. Vou aproveitar a tranquilidade, porque mais tarde tem caçada, senão não tem jantar.

07/02/1989 – 13:20 p.m - Estamos saindo agora pra caçar. Comemos pão com queijo fresco, tudo muito bom. Eu nunca cacei nada, não sei nem segurar uma arma, então só vou acompanhar de vista mesmo. Nosso anfitrião disse que sempre ouve barulhos estranhos quando está caçando, então não era pra ficarmos com medo, como se isso funcionasse comigo. Vejamos se consigo pelo menos ver um animal pra ajudar na caçada.

07/02/1989 – 20:51 p.m - Oh meu Deus! Eu nunca estive mais apavorada, em pânico, assustada e tremendo de medo na minha vida. Depois de umas seis horas de caçada, já escuro, nós nos perdemos na mata. Conseguimos matar dois porcos, mas não conseguimos voltar pra casa. Ficamos andando, rodando, andando, rodando, e nada. De repente, ouvimos uma coisa grande se aproximando, e um vento muito forte e gelado pairou ali. Aquela coisa ia chegando perto, e mais perto, até que pareceu subir na árvore. O seu Valdir nos olhou e pediu pra nós corrermos, porque aquilo poderia ser muito perigoso. Quando demos as costas pra procurar o caminho, uma criatura de aproximadamente dois metros e meio, muito magro, de cabeça grande, olhos esbugalhados, mãos enormes, e dentes afiados pulou de cima da mais alta árvore, sem sequer se ferir. Essa coisa, que parecia um índio, ficou nos encarando, e indo cada vez mais pra cima. Um dos meninos disse pra nos afastarmos, e de repente a criatura berrou. Um grito arrepiante, muito alto e grave, que durou por mais de dez segundos. Apesar de aparentar, aquilo não era humano, nunca tinha ouvido de falar de algo parecido. O bicho quebrou o pescoço do Márcio, e eu apavorada gritei, e aquilo veio imediatamente pra cima de mim. Quando estava quase me alcançando, o seu Valdir atirou nele, e então ele se afastou, e escalou a arvore, desaparecendo em seguida. Agora estamos aqui, desesperados, perdemos nosso melhor amigo. Eu não sei o que faço, vamos esperar amanhecer pra irmos embora, agora é arriscado.

08/02/1989 – 04:12 a.m - Eu não vejo a hora de ir embora desse pesadelo. Isso me deixa cada vez mais nervosa e apavorada. Agora a pouco pensei ter ouvido a voz do Márcio pedindo socorro, mas o anfitrião pediu pra nós não sairmos da casa, pois logo que sua esposa morreu, ele ouviu a voz dela o chamando por dias, e quando finalmente tomou coragem pra ver o que era, tinha uma sombra dentre as árvores, o chamando com a voz dela. Só quero que isso acabe logo.

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